Em 2023, o debate sobre as apostas on-line se tornará mais conhecido, com pontos de vista opostos, desde psicólogos que aconselham cautela até apostadores brasileiros que estão se profissionalizando.
A plataforma Futuros Possíveis realizou uma pesquisa exclusiva para o site E-Investidor intitulada “Futuro das Apostas Esportivas Online: onde estamos e para onde vamos”, que oferece um perfil interessante dos apostadores.
O estudo também mostra que a maioria das pessoas que vêem as apostas como uma fonte alternativa de renda nesse universo é composta por jovens, pessoas de cor e membros dos grupos sociais C, D e E.
O dilema é evidenciado pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que 55% dos 5,2 milhões de jovens sem emprego são negros ou pardos.
Apostadores brasileiros: Insights demográficos e padrões de comportamento
1.581 adultos brasileiros com mais de 16 anos de idade que praticam esportes foram entrevistados para o estudo, realizado em colaboração com a Opinion Box e o Afro Esporte.
Os resultados mostram que, em comparação com 33% das pessoas autodeclaradas brancas, 40% dos entrevistados que se identificaram como negros ou pardos já haviam feito uma aposta anteriormente.
Embora a faixa etária de 30 a 49 anos tenha a maior porcentagem de apostadores vitalícios, uma análise completa dos dados mostra que a população de 16 a 29 anos lidera (29%) entre os apostadores vitalícios, seguida por 24% da população com 50 anos ou mais.
Dos que continuam a apostar, 71% o fazem na esperança de ganhar dinheiro. Notavelmente, 60% desses apostadores se enquadram nas classes C, D e E, o que sugere que eles estão procurando outras fontes de renda devido à escassez de chances no mercado tradicional.
Mesmo que ganhar dinheiro seja o objetivo principal, apenas 1% dos entrevistados que ainda apostam disseram apostar mais de R$ 1.000 por mês. A maior parte (80%) faz apostas com valores modestos, de até R$100.
Ao analisar o Brasil regionalmente, o Nordeste aparece com 32% de participação frequente em apostas on-line, enquanto o Norte e o Sul se destacam com 48% de uso ocasional.
As mulheres são a maioria dos desistentes (38%), seguidas pelos negros e pardos (25%). Regionalmente, o Nordeste tem a menor taxa de desistência (29%), enquanto o Centro-Oeste tem a maior porcentagem (39%).
Regulamentação das apostas on-line e do mercado
Em 2023, o Brasil terá o maior número de apostadores do mundo – cerca de 30 milhões – transferindo R$ 10 bilhões por ano para sites de apostas.
Atualmente, o setor está aguardando a regulamentação planejada pelo governo federal para julho. O projeto define um imposto entre 12% e 14% sobre a receita bruta das apostas.
Mesmo diante das leis, Mia Lopes, CEO da Afro Esporte, e Angelica Mari, da Possible Futures, enfatizam a necessidade de educação financeira e destacam os perigos das apostas on-line, principalmente para os jovens de comunidades marginalizadas.